30 agosto, 2015

conto: Morte

A morte, surda, caminha ao meu lado. E eu não sei em que esquina ela vai me beijar. Com que rosto ela virá? Como a coisa que mais desejei irá chegar? Não quero nada grandioso mas quero que seja lembrado... Qual será a forma da minha morte? Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida. Existem tantas... Não acho que deixarei um legado, e sei ninguém irá perceber que eu sumi, não tenho uma família, filhos, não tenho ninguém... Só iram perceber quando o cheiro q sai do apartamento 17 de minha carne podre em decomposição tomar todo o prédio, quando minhas contas deixarem de ser pagas... Espero que mesmo aqueles que me fizeram mal tenham uma vida plena de felicidade. E o pedido q tenho para minha velha amiga morte, Oh morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato e o homem. Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar. Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva e que a erva alimente outro homem como eu porque eu continuarei neste homem, nos meus filhos... Já não sei mais se lhe quero tanto, meu desejo por ti é grande mas o medo é maior, então vem, mas demore a chegar. Eu te detesto e amo morte... Que talvez seja o segredo desta vida... Escrevo isso com meu próprio sangue antes de a encontrar, desta vez não irá falhar e eu finalmente terei meu tão sonhado beijo

Dizem ter ouvido alguns barulhos vindo do apartamento 17, mas ninguém realmente se importou, pois quem morava lá era muito barulhento. Um bom tempo se passou e o cheiro de morte se tornou insuportável, e assim descobriram o corpo de um alguém, que avia se matado... Mas pela primeira e última vez em muito tempo, esse alguém tinha um sorriso no rosto
 Escrito por Capivara Dos Santos