"Hoje dias ruins e noites ruins acontecem demais,
O velho sonho de ter alguns anos
Tranquilos antes de morrer -
Aquele sonho desapareceu assim como os outros sonhos.
Uma pena, uma pena, uma pena.
Desde o início, ao longo dos anos e próximo ao fim:
Uma pena, uma pena, uma pena.
Houve momentos
Faíscas de esperança
Mas elas dissolveram rápido
Voltando à velha e mesma fórmula:
O fedor da realidade.
Mesmo quando havia sorte
A vida dançando na carne,
Sabíamos que a permanência seria curta.
Uma pena, uma pena, uma pena.
Queríamos mais do que algum dia pudesse haver:
Mulheres com amor e com risada,
Noites selvagens o bastante para o tigre,
Queríamos dias que passassem pela vida
Com alguma graça,
Um pouquinho de sentido,
Uma utilidade razoável,
E não algo apenas para desperdiçar,
Mas algo para lembrar,
Algo para dar um soco nas entranhas da morte.
Uma pena, uma pena, uma pena.
Somando todas as coisas, é claro,
Nossa pequena agonia é estúpida e fútil
Mas sinto que nossos sonhos não são.
E nós não estamos sós.
Os fatores implacáveis não são uma vingança
Pessoal contra um único indivíduo.
Outros sentem a mesma queimadura do desconcerto,
Enlouquecem, suididam-se, ficam estúpidos, correm feridos para deuses imaginários,
Ou embriagam-se, drogam-se, umburrecem naturalmente,
Desaparecem nessa multidão de nada
Que nós chamamos de famílias, cidades, nações.
Mas o destino não é o único culpado.
Nós desperdiçamos nossas oportunidades,
Nós estrangulamos nossos próprios corações.
Uma pena, uma pena, uma pena.
Hoje nós somos cidadãos do nada.
O próprio sol sabe
A triste verdade de como nós rendemos
A nossas vidas e mortes a um mero ritual,
Um inútil e covarde ritual,
E então se esquivando da face da glória,
Transformando nossos sonhos em merda,
Como nós dissemos
Não, não, não,
Para o mais belo sim
Jamais pronunciado:
A própria vida."
~O Amor é Tudo que Nós Dissemos que não Era